Crise e perspectivas
Paulo Werneck
A crise mundial originada pela irresponsabilidade do sistema financeiro norte-americano, segundo os participantes do Seminário Crise Financeira, promovido pela Fundação Alexandre de Gusmão, no último dia 29, no Palácio do Itamaraty, certamente redesenhará o planeta, ou seja, não haverá volta para o status quo anterior.
Não discutirei tecnicamente as causas dessa crise, pois envolve termos como securitização e derivativos, que não fazem parte do meu vocabulário. Eremildo, o Idiota, talvez dissesse que os habitantes das terras do norte estavam gastando o que não possuíam, por meio de construções que talvez só os phdeuses de Harvard poderiam compreender.
Pragmaticamente, consumiam o que não produziam e, diria mais, consumiam de forma insustentável para o planeta.
Antônio Corrêa de Lacerda, da Faap, avaliou que o Brasil está relativamente preparado para enfrentar a crise, pois entrou nela com reservas significativas; as nossas exportações representam apenas 15% do nosso PIB; foi construída uma rede social razoável (bolsas família e que tais), que serve para sustentar o consumo interno; e tem uma presença pública importante no financiamento, por meio do BNDES, BB, CEF, mantendo assim a oferta em níveis razoáveis.
Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva, do Ministério da Fazenda, chamou a atenção para o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), já em funcionamento com a Argentina, e em estudo para mais cinco outros países da América do Sul, que vem facilitar o comércio entre o Brasil e seus vizinhos.
Estamos relativamente bem e a crise nos atingirá pouco. Bom para nós. Mas quais seriam as perspectivas? O que acontecerá quando a crise mundial for debelada? O que vem por aí?
Penso que o comércio pós-crise será mais responsável, não só pela demanda mais contida, com o fim da farra do gasto irresponsável, como também pela maior preocupação com o meio ambiente, facilitada pela troca de poder na Casa Branca.
Demanda menor e mais exigente exige produtos com mais qualidade e produzidos com maior responsabilidade ambiental.
A queda da demanda também ensejará maior protecionismo, o que será um dificultador adicional para as exportações e o aumento da competitividade dos nossos produtos seria extremamente bem-vindo.
A simplificação da legislação interna, reduzindo o ônus administrativo das empresas, não depende de grandes gastos: pode ser implementada pela simples publicação de decretos e portarias no DOU. Defendo menor controle prévio, menos carimbos e papéis, com aumento da punição para quem agir fora da linha.
Paulo Werneck
Fiscal aduaneiro, escritor, professor
Fonte Aduaneiras
Paulo Werneck
A crise mundial originada pela irresponsabilidade do sistema financeiro norte-americano, segundo os participantes do Seminário Crise Financeira, promovido pela Fundação Alexandre de Gusmão, no último dia 29, no Palácio do Itamaraty, certamente redesenhará o planeta, ou seja, não haverá volta para o status quo anterior.
Não discutirei tecnicamente as causas dessa crise, pois envolve termos como securitização e derivativos, que não fazem parte do meu vocabulário. Eremildo, o Idiota, talvez dissesse que os habitantes das terras do norte estavam gastando o que não possuíam, por meio de construções que talvez só os phdeuses de Harvard poderiam compreender.
Pragmaticamente, consumiam o que não produziam e, diria mais, consumiam de forma insustentável para o planeta.
Antônio Corrêa de Lacerda, da Faap, avaliou que o Brasil está relativamente preparado para enfrentar a crise, pois entrou nela com reservas significativas; as nossas exportações representam apenas 15% do nosso PIB; foi construída uma rede social razoável (bolsas família e que tais), que serve para sustentar o consumo interno; e tem uma presença pública importante no financiamento, por meio do BNDES, BB, CEF, mantendo assim a oferta em níveis razoáveis.
Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva, do Ministério da Fazenda, chamou a atenção para o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), já em funcionamento com a Argentina, e em estudo para mais cinco outros países da América do Sul, que vem facilitar o comércio entre o Brasil e seus vizinhos.
Estamos relativamente bem e a crise nos atingirá pouco. Bom para nós. Mas quais seriam as perspectivas? O que acontecerá quando a crise mundial for debelada? O que vem por aí?
Penso que o comércio pós-crise será mais responsável, não só pela demanda mais contida, com o fim da farra do gasto irresponsável, como também pela maior preocupação com o meio ambiente, facilitada pela troca de poder na Casa Branca.
Demanda menor e mais exigente exige produtos com mais qualidade e produzidos com maior responsabilidade ambiental.
A queda da demanda também ensejará maior protecionismo, o que será um dificultador adicional para as exportações e o aumento da competitividade dos nossos produtos seria extremamente bem-vindo.
A simplificação da legislação interna, reduzindo o ônus administrativo das empresas, não depende de grandes gastos: pode ser implementada pela simples publicação de decretos e portarias no DOU. Defendo menor controle prévio, menos carimbos e papéis, com aumento da punição para quem agir fora da linha.
Paulo Werneck
Fiscal aduaneiro, escritor, professor
Fonte Aduaneiras
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